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domingo, 10 de junho de 2018

Social Dance


Às vezes eu sinto a pressão de ser capaz. A pressão pela produtividade de fazer, de dar algo ao mundo. Mesmo que seja uma louça limpa, ou uma cama feita. Qualquer pedido parece imenso, qualquer cobrança, mesmo que mínima, serve para me engolir e me fazer desejar estar mal. Querer ter um motivo pra dar nada ao mundo e, ao mesmo tempo, ter um motivo para dar tudo a mim.
É errado querer ter algo de errado?
Algo socialmente aceito como errado, como, por exemplo, uma doença?
Querer que toda essa nuvem negra que eu sinto seja comprovada pela sociedade como algo incapacitante, e, portanto, que eu não seja julgada por sentí-la. Por ser subjugada por ela.
Para que eu possa deitar e sentir. Apenas... sentir.
Mas que eu sinta tanto, mas tanto, que isso me canse e eu seja obrigada e melhorar.
Mas que essa melhora venha devagarinho, que é pra ser bem apreciada.
Não essa melhora forçada, que nos obrigamos a ter para voltar logo a trabalhar, a produzir.
Que eu melhore devagarinho, em consequência da minha vontade de viver, de ver o sol ou de sentir o frio plenamente sem me preocupar em estar aqui ou ali na hora marcada.
É desse sentir que eu preciso, é o que mais me falta, e falta muito.
Como o ar que sacia a respiração.

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