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domingo, 17 de março de 2019

Stay

I don't live because I have no desire to live
I stay
I remain
here I am and nothing of me is done
just like a body that was made to be something
but never found what was there to be done
what I find in me
is nothing more
not even a sprinkle more
of the curiosity to try to know
to try to achieve
the need to understand what I could do if I tried
if i wanted to do
what I would be able to accomplish if I had the real desire to do so
but yet I remain
never wanting much
never giving up enough either
just a mid-term between living and letting die
I stay

domingo, 10 de junho de 2018

Social Dance


Às vezes eu sinto a pressão de ser capaz. A pressão pela produtividade de fazer, de dar algo ao mundo. Mesmo que seja uma louça limpa, ou uma cama feita. Qualquer pedido parece imenso, qualquer cobrança, mesmo que mínima, serve para me engolir e me fazer desejar estar mal. Querer ter um motivo pra dar nada ao mundo e, ao mesmo tempo, ter um motivo para dar tudo a mim.
É errado querer ter algo de errado?
Algo socialmente aceito como errado, como, por exemplo, uma doença?
Querer que toda essa nuvem negra que eu sinto seja comprovada pela sociedade como algo incapacitante, e, portanto, que eu não seja julgada por sentí-la. Por ser subjugada por ela.
Para que eu possa deitar e sentir. Apenas... sentir.
Mas que eu sinta tanto, mas tanto, que isso me canse e eu seja obrigada e melhorar.
Mas que essa melhora venha devagarinho, que é pra ser bem apreciada.
Não essa melhora forçada, que nos obrigamos a ter para voltar logo a trabalhar, a produzir.
Que eu melhore devagarinho, em consequência da minha vontade de viver, de ver o sol ou de sentir o frio plenamente sem me preocupar em estar aqui ou ali na hora marcada.
É desse sentir que eu preciso, é o que mais me falta, e falta muito.
Como o ar que sacia a respiração.

sábado, 9 de junho de 2018

Avalanche

Sequei minhas lágrimas à força e elas se rebelaram, doeram e arderam enquanto puderam, lutando para descer pelo meu rosto. Mas eram tantas. O que eu poderia fazer? Tive medo que elas permanecessem rolando e rolando pela minha face desmoronada. E o que seria de mim, então? Se em meu rosto tudo o que vissem fosse desespero, desesperança, desalento? Ninguém confia em ruínas, ninguém vê tamanha descompostura e permanece na beira do precipício, esperando para ser tragado. Não. Eu tive que pará-las, por mais que doa esse interrompimento. Eu não poderia deixar que durasse pra sempre, na superfície. E a plenas vistas! Não. Eu peguei minhas lágrimas e as sufoquei até que não houvesse resistência. Outra hora elas voltam, nessa profusão desesperada. Mas outra hora. Agora, meu rosto limpo e seco deve permanecer comportado e resistente o quanto puder, pois outra hora eu me deixo desmoronar, mas só um pouquinho. Porque por completo é feio, ninguém perdoa.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Inevitável

Achei que era perfeito antes de ser o que fosse.
Dei um passo de cada vez,
evitando o inevitável.
Você dava um sorriso e eu
me sentia livre pra retribuir.
Um era a versão melhorada do outro.
Me permiti dizer apenas o que ja fora dito;
e num momento de distração,
você disse o que eu não gostaria de repetir.
Minha unica expectativa era de sermos,
e sermos juntos.
Mas você preferiu ser sozinho
e eu precisei ser inteira sem a sua parte.
Nesse jogo de repetições e não ditos,
o que poderia ter sido virou poema.